sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Águas :(

Compartilho uma poema de uma querida professora que tive, ela que sempre esteve na luta pela preservação do meio ambiente.


SÚPLICA DO RIO

Meu Deus!
Humildemente clamo a tua misericórdia!
Vê Senhor, o meu estado.
Sou uma longa serpente agonizante
Afogada no esgoto que o homem produz cada vez mais
Nem sou mais um rio, mas um esgoto a céu aberto.

Porque o homem não sabe lidar com o próprio lixo.

Quando chove
Sou o lixo líquido em movimento apressado
Quando é seca
Sou um amontoado de costelas
envoltas em salmoura podre!

Vigilante, a vegetação seca das margens faz o velório
Segurando inúmeras embalagens de plástico
Tal velas imundas a denunciarem a insensatez humana.

Ingazeiras e cajazeiras de minhas margens
Foram derrubadas e as que ficaram
Assistem resignadas a minha agonia.

Sinto saudades
Das crianças a se banharem felizes
Até ficarem roxas de frio

Da felicidade dos animais e das pessoas
a sorverem minhas águas com prazer.
Das cantigas solenes das lavadeiras;
dos poetas a me saudarem orgulhosos.

Hoje, até eles os poetas me abandonaram...

Eu te pergunto agora, Senhor!
Aonde está
O programa de recuperação
Do rio Cachoeira?
Aonde está
a Agenda 21?

Não conseguem mudar nada!

Eu suplico a esses senhores:
Venham logo! ! !
Estou morrendo. . .

Eu e todos vocês! ! !

Efigênia Oliveira

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