Cansei de conceitos
estabelecidos, e me inquieto diante de qual seria o
conceito mais moderno e subjetivo da “condição humana” pregada hoje
em dia. Acredito que vai além daquele conceito comum que temos de se ter
condições mínimas de sobrevivência (água potável, comida de qualidade,
casa em ambiente habitável, saneamento, etc.) indo para os pontos de aceitação
dos modos de vida de cada indivíduo.
O documentário
Ilha das Flores - Jorge Furtado.1989 - apresenta sujeitos dentro
de uma ação passiva, de não se oporem ao que lhes é imposto, quando passam
a alimentar-se daquilo que os animais desprezam. Enquanto que
no documentário Boca de Lixo – Eduardo Coutinho. 1992
- apresentam-se sujeitos ativos e passivos. Ativos no
sentido de decidirem, ou melhor, declararem afetuosidade àquele modo
de vida.
Este é o ponto de
choque para a maioria, aquele modo de vida não é o adequado, mas, e quanto
à condição humana? Existe essa condição dentro daquela realidade? O
ambiente é inóspito, malcheiroso, insalubre, mas, há um ser humano lá.
Enquanto defendermos um
conceito de condição humana então que possamos lutar para que o mesmo seja
compartilhado e vívido por todos. No entanto, aprendemos a enxergar como os
demais, ficando preso apenas ao discurso, já a ação,
só se dá por uma minoria. E para ser mais sincero,
pessoas sempre viverão nessas condições enquanto não houver uma mudança
efetiva começando por mim e por você.
Seu Enock, personagem no documentário
Boca de Lixo diz: “O lixo faz parte da vida. O final do serviço é o lixo.
E é dali que começa…” Esse afirmação despertar diversas reflexões que
serão facilmente amanhã esquecidas, ou melhor, sufocadas pelo nosso entorno.
Assim como o lixo que nas palavras de seu Enock tem um ciclo,
pertencemos também a um; hoje somos provocados à reflexão, amanhã sedados à
ação, depois nós mesmos silenciamos nossa vontade de agir. Espero que muito em
breve sejamos novamente provocados à reflexão e quebremos esse ciclo vicioso e
partamos de fato, a ação!
O título desse manuscrito foi
apenas um pretexto para que se pudesse provocar um novo jeito de olhar. Ações
para que essas realidades mudem serão sempre importantes e bem
vindas, contudo quero suscitar não apenas ações voltadas àquelas
realidades, mas alavancar percepções quando existir uma contração que
oprima sujeitos dentro de qualquer realidade.
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