domingo, 30 de novembro de 2014

Será que Basta? - Reflexão sobre o Documentário Boca de Lixo.


Depois de vários dias tentando destacar os dois pontos distintos dos papéis dos sujeitos que integram o documentário - Boca de Lixo. Eduardo Coutinho. 1992 – deparo-me com uma inquietação; basta para aquelas pessoas continuarem a viver, apenas encontrar no lixão, necessariamente algo para comer, e materiais para construir um singelo lar, provocando assim um tipo de trabalho?
Pois bem, alguns daqueles entrevistados afirmam estarem ali por necessidade, não por opção; no entanto muitas das vezes, essa necessidade acaba por fim congelando a vontade de lutar para que as coisas/ a situação mude. Há uma aceitação do impulso comodista, e aquilo que seria uma estádia passageira passa a ser uma estádia
 “geracional”.
Dentre os entrevistados, há uma família que já está no lixão há muito tempo, por gerações; tenho a audácia de apresentar essa família como exemplo do que afirmei acima.
Defendo a seguinte posição: ninguém vai ao lixão a princípio por que gosta; em algum momento anterior existiu algo que provocou essa ida, em uma visão mais sugestiva, uma decepção. Até chegar a essa conclusão me perturbei muito.
A seguir, depois dessa ida ao recinto, que por sua vez provem subsistência, há o surgimento, ou melhor, se cria um apego. E quando seres humanos se apegam eles defendem, disfarçam os problemas, aceitam o novo estilo de vida. Por isso há esse falso contentamento em se querer apenas trabalhar dignamente, ter um lugar para morar e o que comer.

E o documentário segue extraordinariamente suscitando reflexões. Segundo a nossa constituição, todos nós somos iguais perante a lei, somos livres. Então porque há tanta desigualdade? O que nos torna realmente livres? Porque nos preocupamos tanto com a aparência e os bens matérias quando a única preocupação daquelas pessoas é se encontrarão algo para comer e alimentar seus filhos? A sinapomorfia cai; se quer apenas sobreviver!

Retomo a ideia inicial, será que basta? De que realmente precisamos? O que é necessário?De que ações concretas são necessárias para transformar o meio em que pessoas assim como essas vivem, não se tem dúvida. Rousseau afirmou: "A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável." Acho que aqui ele engloba a todos... 

Por: Gabriel Tavares
Contribuições: Jecy Carvalho
Revisão: Lua Silva

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Consciência Negra em FOCO!


O Evento com o Tema – Lei 10.639: África e Brasil unidos pela história e pela cultura foi de fundamental importância para trazer à tona questões que ainda são camufladas meio a sociedade. Chegar a ser inacreditável como uma lei que já está posta desde 2003 não tem suas funções notoriamente aplicadas no universo educacional.

É claro que fica contundente o desprezo e preconceito ao ensino das culturas de matrizes africanas e afrodescendentes num país de predominância dos povos africanos. Sem falar que o branqueamento exposto entre o fim do século XIX e início do século XX nunca deixou de existir e de ser pregado.

No entanto, ações, ou melhor, reações de resistência continuam a ser tomadas para que se desenvolva na população brasileira uma consciência sã a respeito do que é ser NEGRO e seu papel como sujeito oriundo de matriz cultural africana.

Quanto ao feriado que existe em muitas cidades no Brasil, hoje o enxergo como desnecessário; já que ele não fomenta a reflexão sobre a negritude brasileira e sim, dissipa a população como se tal participasse de mais um feriado qualquer.


Fica evidente que políticas devem ser adotadas o mais rápido possível; no que pude perceber, falta aproximação da sociedade a vida das comunidades tradicionais de povos afrodescendentes. Notei isso ainda no ensino médio, quando pesquisei sobre quilombos e descobri que era abraçado por vários; a começar por um que fica no entorno de Itabuna-BA. E endossei na universidade na palestra do Prof. Dr. Murilo Ferreira da UNEB . Aproximar é o melhor caminho. Precisamos vivenciar, construir no dia-a-dia a consciência negra e não só expor palavras bonitas no dia 20 de Novembro.

Será? - Sim. É um concerto!

De onde menos imaginamos que poderia render um concerto, rendeu, e muito!

* Proposta inicial - Cada discente deveria gravar algum animal por no mínimo 5min e trazer a gravação para a aula.
* Proposta Inusitada – Os discentes por livre e espontânea vontade deveriam arrumar os sons dos animais produzidos durante a gravação num concerto.
* Reação – Isso não vai dar Certo, vai ficar tudo sem nexo, etc..
* Olhar do Docente – Gente vocês vão conseguir produzir alguma coisa...


Não tinha mais como retrucar, então aceitamos a proposta e nos empenhamos em produzir algo, seja lá como se estabeleceria seu resultado. Os colegas ligados a música lideraram o grupo. Vejam no que deu...


Além da integração que o CC traz aos discentes ele ainda fomenta a cultura, o olhar de resgate que por muitas vezes silenciamos, fechando os olhos, parando de acreditar...

Não pretendo ir para a área das “artes” e me perdoem os críticos de plantão, mas, o verdadeiro artista não precisa de muito mais do que ACREDITAR, para que o mundo ao seu redor se modifique.

O Som...

Sim, ele mesmo está em todo o lugar, mesmo que só haja 1 (um) único ser humano, lá estará ele.


A Imagem abaixo é uma atividade produzida após uma discussão sobre a temática “som”.  Ela descreve a relação do individuo com o meio onde ele está inserido no convívio do som; mostra que o som pode vir a ser lembrado também por meio de uma imagem estática e sem vida, num ambiente cercado por poluição sonora.


Nossa contribuição a Bandeira COLETIVA!

Google
A bandeira em linhas gerais tem por objetivo representar, defender, mostrar posição, etc.. Essa atividade foi de suma importância, pois nós discentes pudermos nos posicionar, além de permitir verificar qual é a cara da UFSB. Só em nível de curiosidade ainda não sei, mas, pela contribuição que demos a bandeira, ficou nítido o quanto é diversa a nossa universidade... 


Folhas ao Vento II

Desenhar as folhas nos possibilitou abstração, um retorno aos trabalhos desenvolvidos nas séries primárias; alguns mais arrumados e caprichados, outros desajeitados e confusos.






domingo, 16 de novembro de 2014

A Universidade de Culturas exteriores



Anísio sem sombra de dúvidas foi muito feliz em suas colocações no texto “Uma perspectiva da educação superior no Brasil”, contudo vou me restringir ao extrato sobre a Transplantação da Cultura Europeia.

Cultura significa cultivar, e vem do latim colere. Genericamente a cultura é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridas pelo homem não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade como membro dela que é.[1] Partindo desse significado fica óbvio perceber que a cultura exposta na maioria dos campos educacionais do Brasil não destacam a cultura brasileira, creditam apenas a cultura exterior. É uma realidade tão expressiva que virou lei o ensino da cultura e história afro-brasileira e africana no Brasil – Lei 10.639/03. Anísio é muito contemporâneo ao expor isso, além de afirma à base sobre a qual a universidade brasileira é criada.

Sobre as bases da Universidade Europeia é que a universidade brasileira foi criada, majorada. Mas, chega um momento em que os brasileiros já enfadados dessa cultura a princípio aceita como moderna, que estava no ápice do mundo, passa a ser enxergada como desnecessária, ou melhor, que restringia o crescimento e eclosão da cultura brasileira.

É coerente relacionar a UFSB aos princípios pregados por Anísio, desde quando ela surge com a proposta de aproximar e valorizar a cultura local, a cultura que vem com docentes, discentes e servidores. E vai desenvolver os saberes dentro de uma cultura corporificada na sociedade de que é membra. Um contrapeso existente é de que uma ideia nova leva de 25 a 50 anos para ser incorporada numa sociedade, esse é o desafio, se posicionar fundamentado, frente ao pensamento atual e conservador sobre algo que “hoje em dia, já não pertence ao Brasil”.

É lucido salientar a audácia Norte Americana quando decidem romper com o tradicionalismo, com a submissão de terem sido colônias; quando passam a sedimentar sua cultura não desvalorizando o passado, mas reafirmando a importância de que a Universidade deveria evoluir ao passo de quanto à sociedade evolui, ou melhor, estando sempre um passo a frente e de certa forma reger essa mudança, já que é lá onde se encontra a maioria dos intelectuais da sociedade. E criam uma universidade dentro enraizada em sua cultura.

Termino destacando uma afirmação de Anísio Teixeira:

Só conseguiremos transmitir a educação, quando transformarmos as nossas instituições culturais em instituições realmente embebidas no solo brasileiro, na terra brasileira, na forma de pensar brasileira, no modo de pensar brasileiro.
  





[1] http://www.significados.com.br/cultura/

domingo, 2 de novembro de 2014

Autonomia



Segundo o dicionário, autonomia significa capacidade de gerir, independência. No entanto, no que cerne a educação essa autonomia assim defendida por Freire se contrapõem com a vontade tradicional do discente. Destaca-se a importância do professor, que deve provocar o aluno até que o mesmo possa ser autônomo e liberto na maneira de estudar e aprender.

As rodas de conversas agora ganham uma importância única, desenvolver; contrapor; destacar as heterogeneidades que levam a um significado particular-comum. Particular no sentido de próprio, criado pelo aluno; comum no sentido de acordado pelo grupo, dentro da idéia já antes convencionada universalmente. Sendo assim, o assunto deve ser “tratado” realmente pelos alunos e não cuspido pelo professor de forma que o aluno passa a ser apenas um memorizador.

Um separador de águas na autonomia é poder desaprender a não questionar, mas sim, levar nossas indagações ao grupo de maneira que elas venham a ser sanadas.
O desafio maior é recuperar essa disposição ao confronto de ideias no corpo discente, pois os mesmos vêm sendo ensinados a partir do seu lar que certas perguntas não devem ir ao pleito. Quando o filho pergunta: - Pai como é que o bebê sai da barriga? De onde eu vim? As respostas mais ditas são: - Larga de besteira menino, porque veio e acabou. E com o passar do tempo a criança deixa suas indagações de lado, pois já sabe das respostas.


O grande desafio para a autonomia é esse, educar para a autonomia desde o início.    

O que eu vejo?



  Olhares pela janela de casa, do ônibus, do prédio, enfim o que realmente vemos? O documentário Ilha das Flores traz de volta uma discussão de anos, de qual nicho social o ser humano é, ou melhor, onde ele se enquadra? Perguntas e mais perguntas surgem sem uma possível resposta. O homem que possui um “telencefálo altamente desenvolvido e um polegar opositor” (Furtado, 1989) leva a vida de diferentes formas, além de muitos viverem uma vida desumanizada, se é que um ser humano pode viver desumanizadamente.
Perturbo-me a buscar encontrar a linha que separa o homem na condição humana pra o homem na condição animal. E mais, quem são os homens na condição de animais, os que teoricamente vivem uma vida digna ou àqueles que sobrevivem do que os “porcos” deixaram para trás.
Encontrei um texto legal.
 
O que me torna um ser humano?

Lalinha Brito
O que me torna um ser humano?
Vestir roupas que estão na moda?
Dançar músicas com tamanha vulgaridade?
Ser formada em medicina, arquitetura ou em direito?
O que me torna um ser humano perfeito?
Uma simples aula de etiqueta?
Vestir máscara de fulana boazinha?
Ou sair na rua, dizendo que creio em Deus?
O que me torna um ser humano? O que me faz ser eu?
Dizer mentiras, para ser bajulada?
Fingir que amo, para ser amada?
Não ser ninguém, apenas uma máscara!
 

Continuo minha investigação ao mundo olhado pela janela, confronto-me com a ideia de que tudo que vemos está pré-moldado, aprendemos a enxergar assim.
Segue uma poesia que resume o assunto aqui abordado.
 

Olhos Vendados
João Felinto Neto
Meus olhos copiosos de tristeza 
Não vêem o que se passa
aqui; 
enquanto vão chorando na vileza, 
acreditam que um dia irão sorrir.
No viciado tinto da obediência, 
escravizados a aceitarem o 
se perdem numa alheia consciência, 
sem questionar o não e o sim. 
 Na devoção de uma vida em crença, 
 temem na experiência, 
 não distinguir o bom e o ruim.
Quem sabe abrindo eu a minha mente, 
meus olhos
 de repente, 
possam ver?




Olhar quadrado!



Sem dúvida já se sabe da necessidade da leitura para que haja evolução na sociedade não apenas nas áreas das ciências duras, mas também na evolução do homem, na sua maneira de enxergar o mundo.

Sem leitura, sem educação digna e consciente o homem continuará a olhar quadrado, a agir como copiador disparando ignorância. Sem falar no ciclo vicioso que isso causa na sociedade, já que o ignorante impõe a sua maneira de ver tudo quadrado de forma que leva muitos a co-participarem se sua maneira de ser.

 É algo tão osmótico que a incorporação nem é notada; por diversas vezes hoje se culpa o sistema pelo que acontece, mas trazendo a realidade todos são participantes e produtores desse sistema opressor, frio e capitalista ímpar.


A leitura e só a leitura consciente pode fazer o individuo refletir sobre o que ele vê ou pelo que ele não quer vê (que é a sua maioria), além de causar um choque inicial, que pode perdurar-se quando a aprofundamento dentro de certas temáticas. A sociedade em si torna-se cada vez mais fria, insensível; não que os momentos de amor/ paixão foram extintos, mas a vida do dia-a-dia extingue cada vez mais o amor. Minha felicidade é que há alguns poucos que tentam despertar esse olha que traz ao homem sensibilidade...