Depois de vários dias tentando destacar os
dois pontos distintos dos papéis dos sujeitos que integram o documentário -
Boca de Lixo. Eduardo Coutinho. 1992 – deparo-me com uma inquietação; basta
para aquelas pessoas continuarem a viver, apenas encontrar no lixão,
necessariamente algo para comer, e materiais para construir um singelo lar,
provocando assim um tipo de trabalho?
Pois bem, alguns daqueles entrevistados
afirmam estarem ali por necessidade, não por opção; no entanto muitas das
vezes, essa necessidade acaba por fim congelando a vontade de lutar para que as
coisas/ a situação mude. Há uma aceitação do impulso comodista, e aquilo que
seria uma estádia passageira passa a ser uma estádia
“geracional”.
“geracional”.
Dentre os entrevistados, há uma família que
já está no lixão há muito tempo, por gerações; tenho a audácia de apresentar
essa família como exemplo do que afirmei acima.
Defendo a seguinte posição: ninguém vai ao
lixão a princípio por que gosta; em algum momento anterior existiu algo que
provocou essa ida, em uma visão mais sugestiva, uma decepção. Até chegar a essa
conclusão me perturbei muito.
A seguir, depois dessa ida ao recinto, que
por sua vez provem subsistência, há o surgimento, ou melhor, se cria um apego.
E quando seres humanos se apegam eles defendem, disfarçam os problemas, aceitam
o novo estilo de vida. Por isso há esse falso contentamento em se querer apenas
trabalhar dignamente, ter um lugar para morar e o que comer.
E o documentário segue extraordinariamente
suscitando reflexões. Segundo a nossa constituição, todos nós somos iguais perante
a lei, somos livres. Então porque há tanta desigualdade? O que nos torna
realmente livres? Porque nos preocupamos tanto com a aparência e os bens
matérias quando a única preocupação daquelas pessoas é se encontrarão algo para
comer e alimentar seus filhos? A sinapomorfia cai; se quer apenas sobreviver!
Retomo a ideia inicial,
será que basta? De que realmente precisamos? O que é necessário?De que ações
concretas são necessárias para transformar o meio em que pessoas assim como
essas vivem, não se tem dúvida. Rousseau afirmou: "A natureza fez o homem
feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável." Acho que aqui
ele engloba a todos...
Por: Gabriel Tavares
Contribuições: Jecy Carvalho
Revisão: Lua Silva
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